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Trabalho remoto ganha espaço com clientes e profissionais

Flexibilidade e qualidade de vida impulsionam adoção da modalidade

Aos 15 anos, Marco Rogério dos Santos tinha uma garantia: queria trabalhar em escritório. Só não sabia ainda em que área atuar, mas ao começar a atuar em um escritório de contabilidade, teve a certeza de que área seguir. “Eu me apaixonei pela profissão de contador”, diz.

De lá pra cá muita coisa mudou, menos a paixão pela profissão. Do anseio pelo trabalho em equipe e em grandes companhias, Santos hoje adotou o home office como seu local de trabalho. “Posso continuar a desempenhar a profissão que eu escolhi, mas agora com mais qualidade de vida, porque não preciso gastar horas no trânsito para me deslocar de casa para o escritório, além de poder dormir um pouco mais todos os dias”, diz, complementando que o fato de descansar um pouco mais não significa trabalhar menos. “Otimizo o meu tempo e melhoro a qualidade do serviço prestado, uma vez que evito o estresse de dirigir”, comenta o contador acrescentando que já chegou a gastar duas horas e meia apenas para ir da casa para o escritório.

Entre diversas profissões, apesar de ainda sofrer resistências, o trabalho remoto vem ganhando cada vez mais espaço no Brasil. Até o ano passado, um dos grandes obstáculos a esse tipo de contrato era a ausência de regulamentação do home office, cenário que mudou com a reforma trabalhista, em vigor desde novembro de 2018. “Como em qualquer profissão, o home office já é uma realidade na contabilidade. Entre as vantagens estão a flexibilidade de horários, economia e qualidade de vida, uma vez que o profissional poderá fazer a gestão do seu tempo”, comenta Marcia Ruiz Alcazar, presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo (CRCSP). No entanto, complementa, é preciso ter um espaço em casa que não gere distrações e um excelente controle de tempo, para que não trabalhe mais ou menos que o estipulado. “É muito comum que os contadores se reúnam com os seus clientes e o ambiente doméstico não é a melhor opção, mas é possível resolver essa questão com a utilização de coworkings, por exemplo”, diz.

Santos explica que para adotar essa metodologia de trabalho, teve que mirar em uma classe específica de clientes. “Os de grande porte não vão me procurar, pois para eles ainda consideram ser importante ter uma estrutura de escritório. Por isso, optei por trabalhar com pequenas e médias empresas, cujos gestores raramente visitam o escritório de contabilidade, e estão mais preocupados com a prestação do serviço”, pondera.

Para quem decide optar por esta modalidade, a redução de custos é uma variável importante, destaca a presidente do CRSP, uma vez que serão eliminados custos como alimentação e transporte. “É preciso uma adaptação para esse tipo de atendimento e vai depender muito do perfil de cada profissional. No entanto, se houver organização a produtividade tende a melhorar e os coworkings são boas opções, principalmente, nos momentos em que houver necessidade de se reunir com os clientes.”

Mas, para aqueles que decidem manter um escritório, Marcia avalia que as vantagens são inúmeras, porém, depende muito do público-alvo que o contador pretende atender. “Manter um escritório organizado proporciona aos clientes um ambiente provedor de diversas soluções. Uma empresa organizada se diferencia pela profissionalização, capacidade de atendimento multidisciplinar, independência e versatilidade na disponibilização de recursos físicos e digitais. O maior patrimônio que o contador pode ter é a confiança de seu cliente e quanto mais estruturado e organizado ele for, maior será a confiança do cliente”, recomenda a presidente do CRCSP.

Rafael Maktura, CEO da Maktura Organização Contábil, concorda com os colegas. “Trabalhar de casa é menos oneroso para o contador, mas requer atenção. De modo geral, os gestores mais novos, fundadores de startups geralmente não se importam com a estrutura física. Por outro lado, meus clientes mais tradicionais gostam de visitar o escritório e fazer reunião aqui”, conta o contador que seguiu a profissão do pai. Para ele, entretanto, o que vai definir a tendência do modelo de trabalho da profissão está mais ligado ao aperfeiçoamento da profissão do que com espaço físico. “Se o contador não entender que agora seu papel é de gestor, ele está fadado a perder espaço no mercado”, diz.

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