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Procura por executivos muda de perfil
Com reaquecimento da economia, empresas buscam profissionais mais ligados ao consumo
Paulo Justus
Os sinais positivos na economia se refletiram no perfil dos profissionais mais procurados no mercado. Passado o período de cortes de custos, quando os executivos de finanças foram bastante requisitados, o momento agora é dos profissionais das áreas de vendas e marketing, mais ligadas ao resultado e à retomada do consumo.
Na consultoria de recrutamento e recolocação de executivos Mariaca, o número de contratações praticamente dobrou no segundo trimestre de 2009, na comparação com os primeiros três meses do ano. Esse aumento foi puxado pela procura por profissionais da área comercial e de marketing, que corresponderam a 40% das contratações. "Reforçar esses setores é uma forma de retomar o negócio", diz Lúcia Costa, sócia-diretora da unidade de transição de carreiras da consultoria.
No levantamento das consultorias de recrutamento de executivos coirmãs Fesa e Asap, as áreas de vendas e marketing corresponderam a 28% das contratações no primeiro semestre de 2009. No mesmo período do ano passado, a participação dessas áreas era de 20% no total de admissões. "As empresas entenderam que precisam estar preparadas para atender um mercado em recuperação", diz Juliana Nunes, diretora da área de consumo da Asap.
Os setores em que o consumo foi menos afetado foram responsáveis pela maior parte das contratações. Ao analisar as admissões de 110 empresas de médio e grande porte, a Mariaca observou a liderança do setor farmacêutico com 12% do total de contratações no segundo trimestre de 2009, seguido pelas áreas de tecnologia (8%) e alimentos (7%).
O executivo da área de vendas, Luiz Fernando Franco, de 56 anos, ficou surpreso com a velocidade com que voltou a trabalhar, depois de ter sido cortado de um posto de alta gerência em meados de abril. "Demorei dois meses para me recolocar. No passado, levei quatro meses para ser recolocado", afirma.
Franco voltou a trabalhar em 15 de abril numa multinacional da área de automação industrial como gerente geral de vendas para a América Latina. "A empresa está passando por um processo de reorganização interna e havia remanejado a pessoa que ocupava esse cargo antes de mim", diz.
Segundo o executivo, a rapidez da recolocação na sua área também está ligada à entrada de novas empresas no País. Franco diz que recebeu várias propostas de pequenas empresas de fora que abriram escritórios no Brasil.
O gerente de vendas da fabricante de cosméticos Niely Gold, Wagner Queiroz, de 37 anos, também passou recentemente por um processo de recolocação. No fim do ano passado, Queiroz pediu o desligamento da multinacional do setor de cosméticos em que trabalhava, para resolver questões pessoais. "Voltei a procurar emprego no fim de janeiro e no início de maio recebi a proposta da Niely", afirma.
Queiroz diz que recusou quatro ofertas de emprego durante o período em que estava procurando recolocação. "Eu me considero privilegiado por ter a possibilidade de dizer quatro nãos, no meio de uma crise", afirma.
Ele chegou a receber algumas propostas no fim do ano, antes de começar a procurar emprego. "Na época, as empresas queriam me contratar para fazer cortes nas equipes." No início do ano, quando começou a procurar recolocação, as propostas estavam melhores. "As empresas queriam expandir a área,porque perceberam que cortaram demais."